ECONOMIA
publicado em 06/04/2011 às 10h38: atualizado em: 06/04/2011 às 11h01
Combustíveis encarecem custo de vida em SP
Preço do álcool aumentou 10,20% em março, enquanto o da a gasolina subiu 3,28%
Texto:
AE
O aumento no preço dos combustíveis foi o vilão do custo de vida do paulistano em março. O álcool e a gasolina mais caros fizeram com o que o ICV (Índice de Custo de Vida) passasse de 0,41%, em fevereiro, para 0,91% no mês passado. O etanol, por exemplo, subiu 10,20%, enquanto a gasolina variou 3,28%.
É como se o preço do litro do álcool combustível na bomba que custava R$ 1,50 em fevereiro tivesse passado a valer R$ 1,65 no mês passado. No caso da gasolina, o aumento só ocorreu porque o derivado de petróleo é vendido nos postos brasileiros misturado com 25% de etanol.
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), responsável pela pesquisa divulgada nesta quarta-feira (6), os dois produtos fizeram os transportes pesarem mais no bolso. Os transportes, os gastos com moradia e a comida representaram quase R$ 7 em cada R$ 10 do orçamento das famílias na cidade (ou 67,6% do total).
Os transportes, os gastos com moradia e a comida representaram quase R$ 7 em cada R$ 10 do orçamento das famílias na cidade (ou 67,6% do total). Entre fevereiro e março, os gastos do paulistano com sua locomoção diária variou 2,34%. Os custos com habitação aumentaram 1,10%. Os alimentos, que puxaram o aumento do custo de vida na maior parte do ano passado, subiram 0,80%.
Para o Dieese, os reajustes das tarifas de metrô, dos ônibus intermunicipais e dos trens também apareceram na conta no mês passado, além dos combustíveis. Os preços dos bilhetes desses transportes coletivos aumentaram entre 2,7% e 4,5% no período.
Nos gastos com moradia, os maiores aumentos de preços foram em locação, impostos e condomínio e nos serviços domésticos - manter uma empregada para limpar a casa aumentou 4,17% no mês.
No caso dos alimentos, ficaram mais caros praticamente todos os que são vendidos in natura, isto é, sem processamento industrial. O destaque ficou com o preço dos peixes e frutos do mar, que subiram 30,61%. Como a época é de reprodução do camarão, o custo desses crustáceos subiu 76,6% nas bancas e puxou os preços para cima.
Também subiram os legumes (10,34%), graças aos aumentos do tomate, da vagem e do quiabo; as raízes e tubérculos (7,53%), devido à alta da cebola e da batata; os grãos (1,80%), por causa do feijão mais caro; e as frutas (1,30%), em decorrência dos ajustes de preços dos produtos de época, como o morando e o pêssego.
O ICV ainda considera gastos das famílias com equipamentos domésticos, recreação, despesas pessoais e vestuário, mas a pesquisa diz que não houve aumentos de preços consideráveis nesses grupos na passagem de fevereiro para março.
A pesquisa do ICV separa os gastos das famílias a partir do rendimento. Os preços subiram de forma que sentiu mais a inflação quem tinha os maiores salários. O que muda é o tipo de despesa que afeta o orçamento das famílias.
O combustível mais caro afetou mais quem depende de transporte individual – o carro ou motocicleta, por exemplo – para se locomover. Isso fez com que os trabalhadores que tinham renda de até R$ 2.792,90 (o que é chamado de classe 3) percebessem mais a variação do custo do álcool ou da gasolina.
Quem ganhavam em torno de R$ 377,49 (o grupo chamado de classe 1) percebeu mais a variação do custo da comida. O grupo chamado de classe 2 (com renda de até R$ 934,17 por mês) foi afetado tanto pelos aumentos da habitação quanto os dos transportes.
ICV | Janeiro (em %) | Fevereiro (em %) | Março (em %) |
Transporte | 3,09 | 0,76 | 2,34 |
Educação e leitura | 4,79 | 0,19 | 1,56 |
Alimentação | 1,17 | 0,39 | 1,10 |
Habitação | 0,23 | 0,18 | 0,80 |
Saúde | 0,28 | 0,29 | 0,41 |
Equipamento doméstico | 0,15 | -0,22 | 0,24 |
Recreação | 0,14 | 0,18 | 0,16 |
Despesas pessoais | 0,11 | 2,50 | 0,12 |
Vestuário | -0,04 | -0,34 | - 0,08 |
Despesas diversas | -0,32 | -0,44 | - 0,13 |
Total geral | 1,28 | 0,41 | 0,91 |
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